Indústria gráfica pega a onda dos avanços tecnológicos
Quando a economia do país vai mal, um dos primeiros setores a sentir os efeitos negativos é o das gráficas. Segundo Carlos Di Giorgio, presidente regional da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf RJ), as empresas do segmento funcionam como um termômetro, pois recebem demandas de todos os outros setores produtivos. Em queda de faturamento desde 2012, a indústria gráfica se reinventa e utiliza a tecnologia digital como forma de agregar valor aos materiais impressos. A utilização da realidade aumentada é um dos exemplos para reverter o quadro sem depender da recuperação dos demais meios corporativos.
Vicente Di Giorgio, da gráfica J. Di Giorgio: investimento em auto-publicação – Fernanda Dias
Com as novas ferramentas e maior disseminação do uso dos smartphones, o QR Codes, imagens bidimensionais que revelam informações ao serem escaneados pela câmera do celular, evoluíram. Atualmente, um cartão de visitas pode conter um logotipo da empresa que, ao ser escaneado pelo telefone, pode reproduzir um vídeo institucional no aparelho.
– FOTOS Fernanda Dias
“Este conteúdo pode ser modificado e atualizado pela empresa a qualquer momento, sem necessidade de alteração da peça impressa. O produto físico passa a ser uma âncora que vai direcionar o usuário para o ambiente virtual, além do papel”, diz Jardel Nunes, especialista em soluções para o mercado gráfico.
No setor de embalagens, que responde por 48% do total da demanda de serviços da indústria gráfica, segundo dados da Abigraf, os símbolos impressos podem remeter a manuais de utilização do produto.
“Um catálogo de imóveis pode levar o cliente para o interior do apartamento que ainda está em fase de construção. A partir do código impresso no papel, ele pode acessar diversos dispositivos”, exemplifica Jardel Nunes.
Para o especialista, cabe às gráficas diversificar o próprio negócio para se manterem relevantes. “As empresas têm que buscar outras fontes de renda, com implantação de novos serviços”.
TRANSFORMAÇÃO DO SETOR
Para Jardel Nunes, as mídias impressa e virtual se complementam. O que muda é a forma como elas se relacionam. “Por isso, os modelos de negócio das gráficas precisam estar em constante atualização”, explica o especialista.
Nesse sentido, as gráficas têm investido cada vez mais nas ferramentas de auto-publicação de livros. Isso foi possível graças a avanços tecnológicos de impressão que, segundo Vicente Di Giorgio, gerente industrial da gráfica J. Di Giorgio, hoje permitem a reprodução de pequenas quantidades sem gerar prejuízos para as empresas. “O serviço tornou-se acessível a todos”, diz Vicente.
Situada no Engenho Novo, a gráfica lançou o site www.letraseversos.com.br, uma ferramenta em que o autor envia conteúdo pela internet e recebe o livro impresso em casa.