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POR QUE OS E-BOOKS NÃO MATARAM (E NÃO VÃO MATAR) O LIVRO IMPRESSO?

 

Quando analisamos os números da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), que fazem parte do estudo Dez anos de Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro, que inclui a década de 2006-2015, identificamos que as vendas tiveram um aumento significativo nesse período no País.

 

Em 2006, ano que marca o início do estudo, foram vendidos 193,25 milhões de exemplares. Em 2015, alcançamos 254,70 milhões. O preço médio do livro caiu de forma considerável, com uma redução geral de 36%, o que explica em grande medida a queda no faturamento no período, na contramão da produção. Em 2006, as vendas do setor foram de R$ 5,98 bilhões (em valores corrigidos). Em 2015, somaram R$ 5,23 bilhões. O que vale destacar é que o número de títulos produzidos saltou de 46.026 para 60.829 por ano.

 

Digital é opção, não imposição

 

Ao contrário do que aconteceu em outros setores, como na indústria fonográfica, onde a pirataria e o streaming praticamente mataram o mercado de CDs e LPs, os e-books não estão “roubando” muitos leitores dos livros tradicionais. Na hora de desfrutar do prazer da leitura, o tempo mostrou que a preferência é mesmo pelo bom e velho papel com o inebriante cheiro da gráfica, o que não significa que os eletrônicos não continuarão tendo lugar garantido na prateleira virtual dos e-readers, especialmente entre as atuais e futuras gerações que têm nos smartphones e tablets uma extensão do próprio corpo. A realidade é que a maioria dos leitores consome nas duas modalidades.

 

A gigante Amazon fez sua grande aposta, lá em 2007, nos livros digitais. Muitas editoras, empresas e os próprios consumidores surfaram essa onda e mudaram do físico para o digital, mas o fato é que o consumidor de e-book passou a enxergar o digital como mais uma opção, e não como uma única alternativa de leitura, e a indústria como mais um segmento, assim como o audiobook. Para ilustrar, no primeiro semestre de 2016, os e-books representaram 19,2% do mercado editorial americano, para obras de ficção e não ficção (conhecidas como tradebooks), enquanto os audiobooks, em franca expansão por lá, eram 8,6%.

 

Outro importante termômetro é que a Amazon passou também a investir no mundo físico e no fim do ano passado inaugurou sua primeira loja física nos EUA após 20 anos desde o início de suas vendas online. A Amazon também é líder nos segmentos de assinaturas, com o pioneiro e líder absoluto Kindle Unlimited, após a falência da Oyster, a “Netflix” do livro, por conta de um modelo equivocado de política comercial. Vamos aguardar os próximos passos da varejista americana, mas tudo indica que o modelo de assinaturas continuará crescendo e se revelando uma tendência importante para os próximos anos.

 

No Brasil, as vendas de livros digitais representam apenas 2,5%, de acordo com a Snel. Segundo o presidente do sindicato, Marcos da Veiga Pereira, nunca houve um crescimento exponencial e nem consistente por aqui. A Amazon, que domina esse mercado, não abre números de Brasil, mas estudos da empresa de pesquisa e consultoria Euromonitor, com base nos indicadores em e-readers, vislumbram um freio das vendas no Brasil.

 

No entanto, está mais do que comprovado que não podemos (e nem devemos) desconsiderar a força do digital, principalmente porque o online facilitou o contato dos leitores com editoras e autores, além de permitir uma ampla divulgação e impulso nas vendas das obras. Além disso, os blogs e canais literários postam resenhas, anunciam lançamentos, divulgam autores e criam assim uma grande repercussão entre os leitores.

 

Não importa se físico ou digital, o importante é a possibilidade de os dois coexistirem para atender seja quem prefira o papel ou a tela. Se o autor tem seu livro em ambos os formatos, aumenta as chances de ampliar sua legião de seguidores. No mercado editorial, o físico impulsiona o digital e vice-versa. O que conta, isto sim, é seguir ampliando a base de leitores brasileiros, que apesar de crescente ainda está longe das médias de países desenvolvidos.

 

Fonte: PublishNews

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